quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Dia 2

No dia seguinte eu cheguei em Frankfurt. De primeiro, ainda estava tranquilo. Existiam muitos brasileiros no vôo.Podia perguntar, falar em português. Mas logo teria meu primeiro desafio. Lá estava eu na imigração, aflito. As pessoas iam sendo chamadas e entrando, tendo os seus passaportes carimbados. Minha vez chegaria. O asiático da minha frente teve a entrada negada. Chegou minha vez. O policial era bastante abusado. Não tinha muita paciência. Depois de algumas perguntas, ele me deixou passar. Não sem antes me aterrorizar. Tinha finalmente desembarcado na Alemanha. Precisaria achar o quarto que havia alugado. Por sorte eu achei um wi-fi gratuito e pude ver no GPS. Para não correr o risco de me perder, peguei um táxi. Logo estava no endereço que me abrigaria por uma noite. Em primeiro tempo, o dono da casa pareceu assustador. Olhos grandes, dentes amarelos, roupas rasgadas. Mas foi me conduzindo. Mostrou toda a casa que eu ficaria. Finalmente estava no meu quarto. Ali fiquei um bom tempo refletindo o que faria. Resolvi deitar e descansar. Havia sido um bom tempo de viagem. 

O descanso, entretanto, não durou muito. Precisava me alimentar. Perguntei ao dono da casa onde havia um supermercado. Muito atencioso me explicou. Tentei sair apenas usando um suéter. Fui impedido pelo frio. Cobri-me da maneira que podia. E fui. As mãos logo foram gelando. E o pior, não encontrava o supermercado. Até que passou uma senhorinha na rua e perguntei (em alemão) se ela falava inglês. A resposta foi negativa. Então tentei meu alemão pré-histórico. A senhora entendeu e foi muito solícita. Deixou o que carregava e foi até a esquina me mostrar o que estava procurando. Depois de muito escolher, levei ao caixa. Apenas seis euros e muita comida.

De volta ao apartamento, deveria esperar o outro dia. Não tinha muito o que fazer. Era cochilar e torcer para que o tempo passasse logo.

Destaques da casa que fiquei é que havia um caderno de anotações com todos os visitantes que por ali haviam passado. Cheio de histórias e agradecimentos. O outro destaque fica pelo cuidado com que o dono da casa teve em me explicar como pegaria o ônibus para Hahn, que ficava a duas horas do local onde eu estava. Seria uma grande aventura. Precisaria acordar cedo.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Sobre o partir...

Bom, toda quebra de ritmo causa um impacto. Sair de casa é uma grande quebra. Espero um grande impacto. Sairei do convívio da minha família. Da minha safehouse. Do lugar onde me protejo do mundo. Mas acredito que seja necessário. Não tenho mais paciência para muita coisa. Preciso buscar a minha essência, antes que eu perca para todo esse mundo corporativo que se veste de terno e esmurra com um punho de concreto. Antes que eu me perca. Preciso ir para longe para redescobrir os valores do que importa.

Toda quebra é também um recomeço. Uma reconstrução. Um renascimento. E não somos nós humanos a própria fênix? Não tratamos, todos os dias, de juntar as cinzas de nós mesmos para viver o porvir? Sim. Assim somos. Assim seremos. Operários da reedição das nossas próprias vidas.

É hora da aventura. Então hei de aventurar.

Que venha o mundo!